
Exames radiográficos contrastados: Confira dicas sobre os detalhes de alguns tipos de exame
A Radiografia Contrastada é um método de diagnóstico por imagem utilizado para diferenciar as densidades dos tecidos e evidenciar estruturas não visualizadas no exame radiográfico. Por isso, requer ainda mais atenção aos detalhes e cuidados com o paciente.
Separamos para você algumas dicas para diferentes exames radiográficos.
Enema de bário
O enema de bário é indicado para avaliar o intestino grosso e o reto do paciente. Com ele é possível fazer a caracterização da forma e posicionamento das estruturas, presença de formações luminais, estendes, intussuscepção ileocecocólica e condições da mucosa.
Para o enema de bário é necessária uma infusão retrógrada de contraste positivo (sulfato de bário) para avaliação morfológica do intestino grosso, onde uma sonda de Foley é inserida no reto para administração de 7 a 14 ml/ kg de sulfato de bário. É importante homogeneizar a solução de bário antes da administração.
Para não esquecer:
- Meios de contraste: sulfato de bário
- É necessário jejum alimentar de pelo menos 12 horas.
- Não é necessário jejum hídrico – somente pode ser ingerida água (leite, sopinha, papinha NÃO).
- O animal deve defecar antes do exame, para que o cólon e o reto estejam vazios. Isso pode ser confirmado no exame simples prévio, que deverá ser realizado impreterivelmente.
- Radiografia simples deve ser realizada antes da administração do contraste, até mesmo para verificar a presença de conteúdo fecal. Se for realizado o enema para eliminação das fezes, uma nova radiografia simples deverá ser feita após a lavagem intestinal.
- Sedação/anestesia podem ser utilizadas para conforto do paciente durante a manipulação e facilitação da realização do procedimento.
- Projeções: laterolateral (direita ou esquerda). A projeção ventrodorsal ou dorsoventral pode ser realizada como complementar. Incluir na colimação todo o abdômen (desde o limite diafragmático até a região do ânus).
- A maioria das suspeitas clínicas é respondida pelo exame de colonoscopia, muitas vezes dispensando a realização do enema de bário.
Trânsito Gastrointestinal (TGI)
O Trânsito Gastrointestinal (TGI) é um exame radiográfico que avalia as estruturas do trato digestório superior. As indicações do TGI são para vômito, dor abdominal, anorexia, CE radiotransparente, traumas (ruptura), obstruções intestinais e de piloro, deslocamentos gástricos, avaliação da motilidade.
Para não esquecer:
- Meios de contraste: bário líquido
- É necessário jejum alimentar mínimo de 12 horas.
- Não é necessário jejum hídrico – somente pode ser ingerida água (leite, sopinha, papinha NÃO).
- O animal deve defecar antes do exame, para que o cólon e o reto estejam vazios.
- Administração via oral de aproximadamente 7 ml/kg
- Projeções: laterolaterais direita e esquerda e ventrodorsal.
- Radiografias sequenciais: imediatamente / com 30 minutos/ com 1 hora/ com 2 horas/ com 4 horas após a administração do volume total do contraste. Se necessário, pode-se realizar acompanhamento com 24 horas.
Atenção: a ingestão do meio de contraste impede a realização do exame ultrassonográfico nas próximas horas, pois o bário prejudica a formação da imagem ultrassonográfica.
A maioria das suspeitas clínicas pode ser respondida com um bom exame radiográfico simples, juntamente com o exame ultrassonográfico bem realizado, muitas vezes dispensando a necessidade do exame radiográfico contrastado.
Esofagograma
O esofagograma é um exame radiográfico que avalia as estruturas do esôfago. Para este exame é necessária a realização da radiografia simples primeiro e depois adquirir outra imagem imediatamente após a administração do meio de contraste. Uma imagem “tardia” (10 – 15 minutos após a ingestão do contraste) pode ser realizada para avaliação complementar, se houver algum ponto de retenção do meio de contraste observado na primeira imagem adquirida.
As indicações do esofagograma são regurgitação, disfagia, engasgos, CE, estenose, traumas (ruptura), posicionamento anormal por formações cervicais ou mediastinais ,motilidade, dilatações.
Para não esquecer:
- Meios de contraste: sulfato de bário líquido (pode-se adicionar açúcar para pacientes não diabéticos ou misturar ao alimento para facilitar ingestão), bário em pasta, iodados em casos de suspeitas de perfuração ou corpos estranhos perfurantes (uma vez que o bário pode ser irritativo quando livre nas cavidades)
- Jejum alimentar e hídrico não são necessários. Mas é preferível que o paciente não tenha se alimentado nas últimas 2 horas.
- Administração via oral de 5 a 20ml (dose total), proporcionalmente ao tamanho do paciente. O paciente não deve estar sedado, anestesiado ou inconsciente.
- Projeções: laterolateral (direita ou esquerda). A imagem ventrodorsal pode ser complementar.
- Importante radiografar a região cervical e torácica, tanto nas imagens simples quanto nas contrastadas.
Atenção: é preciso ter cuidado ao administrar o contraste para não promover aspiração deste pelo paciente.
Uretrocistografia
A uretrocistografia é a avaliação da morfologia, posição, integridade, espessura da parede, presença de cálculos radiotransparentes e lesões intramurais ou intraluminais da bexiga. Este exame é indicado para casos de disúria, hematúria, infecção, incontinência, alteração morfológica ao RX simples, pós-trauma para avaliação de rupturas, localização em conteúdos herniários.
Para não esquecer:
- Meios de contraste: usa-se contraste positivo (iodo), negativo ou duplo contraste;
- As radiografias devem ser realizadas em projeção laterolateral (direita ou esquerda) e incluir a região pélvica, para não “cortar” o trajeto da uretra (especialmente em cães machos);
- Infusão do meio de contraste por sonda uretral – 2 a 4 ml/kg puro ou diluído em solução fisiológica ou água para injeção (estéril) na proporção 1:1. Se a bexiga urinária estiver muito distendida, pode-se administrar uma dose menor apenas do contraste puro.
Atenção: Em cães machos: sonda uretral colocada apenas na ponta da uretra peniana, para que o contraste defina o lúmen uretral.
- O gás da sonda pode formar bolhas no trajeto uretral e na bexiga, que mimetizam cálculos radiotransparentes. Por isso, a sonda deve ser preenchida pelo meio de contraste antes da sondagem da uretra.
- Realizar a obtenção da imagem sob pressão, durante o final da injeção da dose do contraste
Uma observação que gostamos de ressaltar é que a avaliação da uretra em fêmeas e gatos pode ser difícil devido ao comprimento nesses animais, pois o trajeto curto poderá ser preenchido com a sonda. Por isso, esteja sempre atento ao seu paciente.
Urografia excretora
A urografia excretora é um estudo radiográfico progressivo através de injeção intravenosa de contraste iodado para visualização de silhuetas renais, ureteres e bexiga. O exame é feito com o uso de contraste iodado não-iônicos para visualizar silhuetas renais, ureteres e bexiga. Para este exame sugere-se a realização de compressão abdominal para casos de avaliação ureteral e pneumocistografia conjunta para avaliação de ureter ectópico.
- Meios de contraste: Iodados não-iônicos, dose 180 mg/kg (aproximadamente 2,0ml/kg) quando função renal normal (dose máxima total de 90ml para cão e 15 ml para gato).
- É necessário jejum alimentar mínimo de 12 horas (ideal 24 horas).
- Não é necessário jejum hídrico – somente pode ser ingerida água (leite, sopinha, papinha NÃO).
- O animal deve defecar antes da realização do exame. Caso seja necessário (presença de conteúdo fecal em cólon e reto), deverá ser realizado um enema para eliminação das fezes antes do exame contrastado (o conteúdo fecal em cólon e reto pode sobrepor o trajeto de ureteres).
Atenção: Este exame é contra indicado para anúria, desidratação grave, uremia grave e reação anterior ao meio de contraste.
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