Quais alterações da Síndrome do Braquicefálico identificamos na Radiografia?

Quais alterações da Síndrome do Braquicefálico identificamos na Radiografia?

Chamamos braquicefálicos os cães e gatos que possuem o comprimento nasal menor que o do seu crânio. São aquelas raças que tem o focinho “achatado”, como os buldogues, os pugs e os gatos persas, por exemplo.

Pacientes com esta conformação facial, muitas vezes podem ser portadores de outras alterações anatômicas que não estão apenas na “cara”. E estas podem levar ao desenvolvimento e manifestação do que chamamos de Síndrome Obstrutiva do Braquicefálico, ou simplesmente Síndrome do Braquicefálico.

Dentre as condições primárias que estão implicadas nesta síndrome destacam-se as narinas estenosadas (estreitas), o palato mole alongado, a hipoplasia da traqueia (traqueia também estreita), a macroglossia (língua grossa) e as conchas nasais hipertrofiadas ou cornetos aberrantes.

Todas estas alterações, apresentadas de forma única ou conjunta, levam a diferentes graus de comprometimento respiratório, e algumas das manifestações clínicas são a respiração ruidosa, esforço respiratório, alteração vocal, intolerância ao exercício, cianose (língua roxa) e até mesmo síncope.

A simples inspeção realizada durante o exame físico já poderá prover algumas informações diagnósticas, especialmente quanto ao aspecto das narinas e da língua. O exame radiográfico, por sua vez, pode apontar outras alterações e auxiliar no diagnóstico, mas não possui sensibilidade para demonstrar todas as possíveis anormalidades que estão envolvidas na citada síndrome. Exames de tomografia computadorizada e as escopias (rinoscopia, laringoscopia, traqueobroncoscopia) são muitas vezes essenciais na pesquisa e obtenção de dados complementares e determinantes para a tomada de decisões terapêuticas.

Imagens radiográficas das regiões cervical e torácica, realizadas com técnica e posicionamento adequados, poderão permitir ao radiologista observar a silhueta do palato mole, do aspecto da faringe e do lúmen da traqueia. Além disso, radiografias destas regiões adicionam informações para diagnósticos diferenciais aos sintomas clínicos apresentados pelos pacientes, permitindo, por exemplo, a avaliação da silhueta cardíaca e dos campos pulmonares. 

O tratamento poderá ser clínico ou mesmo cirúrgico, dependendo do diagnóstico obtido por meio do exame clínico e dos possíveis métodos de imagem realizados.

Radiografia laterolateral direita da região cervical de um cão filhote, apresentando alargamento do palato mole (*), estreitamento da nasofaringe (seta branca), obliteração parcial da laringofaringe e diminuição do lúmen traqueal.

Radiografia laterolateral direita da região cervical cranial de um cão braquicefálico, apresentando  importante alargamento do palato mole (setas brancas).